No centro, está a escuta

autor: Pabline Felix
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Chega a ser redundante dizer que, num mundo com múltiplas plataformas de produção de conteúdo, a escuta virou “artigo de luxo”. Vira e mexe vemos um tweet reclamando que as pessoas não se ouvem mais, um textão dizendo que desenvolver uma conversa presencial tem se tornado cada vez mais difícil pelas constantes interrupções do celular, um vídeo nos stories com uma sátira sobre a conversa de maluco que virou a internet. Até o conceito de “lacração” e o termo “jantou” denotam essa necessidade recorrente de “resumir” em uma frase de efeito um pensamento já fechado, e não instigar um diálogo ou um debate sobre o assunto.

Mas a verdade é que a internet reflete um pouco o nosso “zeitgeist”. E esse nosso “espírito do tempo” tem consequências para a cultura, para a política e, por que não, também para o design. Mas escuta no design, uma prática tão visual? Sim, e muito. A escuta está no centro de um design inovador e adequado. 

Inovador sim, mas adequado?

Não é necessário explicar inovação. Onze entre dez textos publicados no LinkedIn contém o termo, que virou imperativo em todas as áreas – ou pelo menos na internet. Mas o que é ser inovador? Do lado de cá, ver a inovação desvinculada de contexto e de objetivo nos faz pensar que essa tal novidade é “inovação por obrigação”. 

Em termos visuais, traduzimos isso por um incômodo que tem se tornado cada vez mais comum: encontrar projetos de design na internet que são, visualmente, maravilhosos (e a gente baba com os olhos), mas que uma análise um pouco mais aprofundada mostra que eles servem mais a um desejo de entrar na tendência do que necessariamente às suas especificidades. 

De quebra, vemos também um mercado de design com produtos muito parecidos. Livrarias, lojas de roupa, marcas de shampoo e bombonieres com os mesmos recursos gráficos. Tá certo isso?

“Adequado” não é um projeto que está conformado ao setor que vai povoar (que pode ser terrível!), mas que está atento às nuances de personalidade da marca, seu posicionamento, seu tom de voz, sua matriz de relacionamento. Adequado é aquele projeto que busca comunicar essas particularidades nas suas escolhas gráficas. Adequado é o projeto que torna única aquela identidade de alguma forma, mesmo que seja em detalhes, e não ignora o contexto em que vai existir. 

Mas para captar essas nuances é preciso – não, é fundamental – escutar, e não ouvir. 

Fonte: https://www.sindromedeusherbrasil.com.br

O silêncio vale ouro

Não é fácil ouvir. Somos o tempo todo convidados a nos manifestar, a falar, a “produzir conteúdo” – esse episódio do Bom Dia, Obvious menciona uma coisa muito legal sobre essa necessidade de “postar para existir” nas mídias sociais. 

Mas se todos “precisamos” falar, também precisamos escutar. E nós, comunidade de designers que atuamos como prestadores de serviço sobretudo, precisamos ser capazes de mergulhar no mundo que nos convida a contribuir por meio da criação gráfica. (Não será assim para todos os setores? Fica a dúvida.)

Com o entendimento de que um design singular só pode ser construído com a presença dos dois atores, é parte do processo de criação a  inclusão do cliente por meio da escuta atenta, dedicada, de “corpo inteiro”. Uma escuta não direcionada, mas que acolhe os comentários sobre o negócio, sobre os desafios da gestão, sobre os objetivos estratégicos, sobre a equipe e seu dia a dia e até sobre os seus sonhos. 

“Mergulhado” na realidade do cliente, o criador pode fazer escolhas agregando conhecimentos da sua perspectiva e desta nova perspectiva, contribuindo para um resultado muito mais rico, profundo e, consequentemente, particular. 

* A imagem do topo foi uma interferência sobre fotografia de Anna Shvets (Pexels.com)

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